quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sol e outros pensamentos imperfeitos

O sábado passado foi de sol, e as ruas do bairro ficam bonitas.

Estou me acostumando facilmente ao trânsito sossegado. Agora, em bancos e lojas é um pouco mais difícil. Esqueci de pagar o IPTU na data (não fazia isso há 10 anos porque em Santa vinha no aluguel) e tive que ir ao Santander da Duque de Caxias. Nunca vi um banco assim, parecia Salvador: caixas andando pra lá e pra cá como tartarugas, conversando, rindo, e a fila não se mexia. Eles devem achar que como a agência tem poltronas, ar-condicionado e TV, as pessoas adoram ficar ali esperando. Reclamei, me irritei e fui embora, precisava ir ao Correio antes das 3 despachar um Sedex 10. Outra longa espera, que lentidão insuportável -- e eu uso o tempo todo o atendimento prioritário! Afinal, ficar velha tem que ter alguma vantagem. Na volta ao Santander, maaaais espera. Acho que vou pastar pra aprender a esperar. Na terça fui ao Rio comprar pneus pra vistoria (já descobri que coisas caras aqui são táxis, pneus e pilhas), deixei o carro na oficina perto da minha ex-casa em Santa e vim no ônibus das 16h30. Fiquei irritada: o motorista só saiu às 16h35. Pombas, o horário não era 16h30?

Para economizar míseros 60 reais nos pneus fui a uma loja na Abolição ou no Irajá, algo assim. Perdi 3 horas esperando. Atendimento típico também de Salvador. Na StarTek da Av. Brasil tudo saía em 45 minutos...

Gente, quem reclama do Rio não vive nesse bairro em que estive (Av. D. Helder Câmara, ex-Suburbana, altura do número 9.000). Aquilo nunca viu prefeitura. Tudo desbotado, descascado, degradado, cheio de mato e igrejas, esburacado, abandonado MESMO! As pessoas são alienadas, desligadas, descoradas, um ar de que não são cariocas. Fiquei triste. Pensava que o Rio era Rio em toda parte.

Caí em vários engarrafamentos sem razão de ser (apenas excesso de veículos mesmo) até chegar a Santa. Subi pela Cândido Mendes. Assim que desemboquei no Canto da Boca e senti aquele arzinho fresco me bateu no peito uma saudade doída do meu amado bairro, que na verdade me expulsou, já que não pude mais pagar um aluguel lá, sniff... Meu apartamento vai ser alugado por R$ 1.200, acredtam??? Era R$ 850, e com água e condomínio chegava a R$ 1.061 (mês de abril).

É... malgré tout, viva Terê!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Petit-pois

** Um dos problemas de Teresópolis é que não tem gás de rua. Após quase 50 anos com esse serviço, não me sinto em condições físicas e mentais de usar botijão de gás. Vai que provoco uma explosão? Daí que me desfiz do meu velho fogão e a locadora levou o bujão que tinha aqui embaixo da pia. Fogão elétrico é tudo de bom, usei muito quando morei na Europa. Comprei então esse fogareiro por 19,90, para testar. Se der certo, compro um mais sofisticado, de 2 bocas, resistência selada. O pobrinho chegou ontem e decidi fritar um bife, com fatias de bacon e molho. Ficou supimpa, mas fez tanta fumaça que receei que alguém chamasse os bombeiros. Pode ter sido a frigideira que usei. Pode ter sido qualquer coisa. E agora? O teste deu certo ou não? Ai ai...

** O clima de Terê é muito louco. Acordei às 8 com um baita sol, céu completamente azul, temperatura amena. Vinte minutos depois já estava tudo nublado e uma súbita rajada de vento de 5 segundos de duração trouxe um frio brabo. Logo depois o céu começou a limpar, mas agora o vento voltou.

O teresopolitano sabe muito bem quando vai chover. Olha para o Soberbo (na entrada da cidade) e vê se tem nuvens lá. Se tiver, a chuva é certa.

sábado, 10 de abril de 2010

Linda, mas...

Minha rua, como eu disse, é uma graça, mas olhem o estado da pista! Tempos atrás puseram um asfalto vagabundo em cima do paralelepípedo, e agora o chão é uma droga.

Nem tudo é perfeito.

Reflexos da chuva

Teresópolis não teve deslizamentos, mortos ou desabrigados. Mas sente os reflexos da tragédia. Vejam a praça de alimentação da feirinha: no sábado passado isso estava praticamente lotado. Hoje, voltei lá sozinha toda pimpona pra comer meu acarajé e encontrei essa desolação...

A Val, que nos atendeu no sábado passado, me reconheceu e veio bater papo (incrível isso, tinha um mundo de gente!). Segundo ela, o prejuízo foi imenso para o pessoal da feira e dos quiosques de comida.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Buraco quente

Soube sexta de manhã por um gari que Taumaturgo, o meu minibairro no bairro do Alto, é conhecido como Buraco Quente. Mas faz um friiiiiiiiiiio...

Estou acrescentando indicações a esta imagem para enviar aos que vierem visitar a serra. Ficará pronta logo.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Uma tarde na Várzea

Consegui sair da paralisia com a tragédia da chuva: desliguei a TV e fui ao Centro, que aqui em Terê se chama Várzea. Moleton de manga comprida e gola rulê, senti frio, embora andando a pé pra cima e pra baixo, tipo uns seis quarteirões, coisa que não fazia no Rio de jeito nenhum!

Que coisa impressionante a solicitude de vendedores, caixas, frentistas, transeuntes etc. Todo mundo é calmo e gentil. Aqui tem engenharia de tráfego: as ruas são racionalmente sinalizadas. Tirando a famosa Reta, que engarrafa muito, todo o trânsito tem racionalidade, há vias paralelas de escape, para quem conhece — ainda não é o meu caso no centro da cidade, mas logo será.

Tinha engarrafamento na volta e me peguei distraída pensando na vida, nenhuma irritação! Ouvi uma buzina, mas muito breve. Isso é inacreditável! Meu filho e meus amigos sabem que no Rio não suportava um instante de engarrafamento sem ficar irritada.

O pedestre aqui é rei e como tal abusa de seu poder: no que bota o pé na rua, pronto, para todo mundo. Já me acostumei, já paro até pro pedestre que está na calçada esperando uma brecha, e hoje um motorista fez o mesmo comigo. Os motoristas, por sinal, dão passagem a quem está saindo do posto de gasolina ou da vaga, o manobrista do estacionamento recusa gorjeta — é outro planeta.

Não estou fantasiando a cidade. Vejo problemas. Há buracos nas ruas, a Ouvidoria da Prefeitura e a Secretaria de Saúde não respondem aos meus e-mails perguntando qual é o posto de saúde mais perto da minha casa, o Banco do Brasil tem só uma agência na cidade... bem, por enquanto é isso. Mas é mesmo outro mundo.

Obrigada, amiga Ana, por me botar essa minhoca na cabeça!

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Comprei pilhas para a máquina. Agora vou sair clicando!

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Que frio danado! Na Várzea os termômetros marcavam 19 graus. Aqui no Alto, brrrr, deve estar em 15!

sábado, 3 de abril de 2010

O que dizer de Teresópolis?

É uma grande cidade pequena. A primeira coisa que chama atenção é o verde. Saindo da chamada Reta, a avenida principal, e das apinhadas ruas do centro, que lembram um pouco a Saara, só que melhorada e com circulação de carros, tudo o mais é arborizado, escondido atrás da Mata Atlântica, um deslumbramento. Sente-se isso intensamente da casa da Ana (que se não me engano é na Cascata (errado, é Parque do Ingá), alto do alto do bairro do Alto: ela conta que quando a neblina baixa a nuvem entra por uma janela e sai pela outra), mas também é maravilhoso aqui no Taumaturgo, no médio Alto, onde moro.

Descobri a melhor pizza do RJ, a Millematti. Tem duas opções de massa, a fina e a tradicional. Escolhi a tradicional e é simplesmente divina, lembra a pizza de Roma, que o brasileiro não aprecia muito... Quem me recomendou? Acreditem, a dona de um restaurante especializado em frango que não tem entrega em domicílio e ficou com pena de mim quando telefonei, morta de fome, no dia seguinte à mudança. Ela é paulistana (o restaurante dela se chama Paulistana Frangaria, prometi que vou lá com a Ana!), disse que entende de pizza e que a Millematti é a melhor da cidade.
Isso é Teresópolis, até quem não é daqui se adequa ao espírito solidário da cidade.

Passei a manhã deste sábado, desde as 10h, batendo perna com a Ana. Acabamos na praça de alimentação da Feirinha do Alto. Tomamos duas cervejas, comemos um acarajé completo delicioso (dois por 13 reais!!!) debaixo de uma árvore com ventinho e tudo e cheguei às 3 da tarde, com sacolas de banana (8), carambola (5), figo (8), fruta de conde (5), melão (1) e uva (1 cacho). Tudo por R$ 20,48. Produção aqui da Região Serrana, por isso sai mais barato.

Não é nada demais, mas não nos estressamos com ninguém, conseguimos vaga sem problema, encaramos o engarrafamento da Reta calmamente, como todo mundo, olhando as coisas em volta, e tivemos um dia simples e tranquilo. Isso não tem preço.